sábado, 10 de agosto de 2013

ATIVIDADE DA DISCIPLINA FILOSOFIA DA LINGUAGEM


1 - Um dos fatores que permite a sociabilidade é a linguagem? Por quê?
A linguagem é uma forma de comunicação humana que faz o indivíduo se relacionar com as pessoas, e com o mundo a sua volta. Platão dizia que a linguagem é umphármakon, palavra que possui três sentidos principais: “remédio”, “veneno” e “cosmético”. Ou seja, Platão considera que a linguagem pode ser um medicamento ou um remédio para o conhecimento, pois pelo diálogo e pela comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados com o que vimos, ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Enfim, a linguagem pode ser um cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sobre as palavras. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução.
Vale ainda dizer que a linguagem tem uma função comunicativa, ou seja, por meio das palavras entramos em relação com os outros, dialogamos, argumentamos, persuadimos, relatamos, discutimos, amamos, odiamos, ensinamos e aprendemos, etc.; 

2 – A moda é uma forma de linguagem? Por quê?
A linguagem não se limita apenas a fala e escrita. Logo, ela transcende as formas de interação verbal e está presente nos mais diversos setores da vida social.
          A comunicação, a linguagem e a moda, também utiliza a comunicação não verbal a fim de que se possa compreender em totalidade a sua aplicação, isto é, a moda, através da indumentária, também pode ser considerada uma forma de linguagem, pois transmite precisas informações acerca dos indivíduos inseridos em um contexto social. Estudiosos da moda nos alertam há tempos sobre a quantidade de informações que nossas roupas e adornos são capazes de dizer sobre nós e sobre nossa sociedade. Rousseau já dizia que “A palavra distingue os homens e os animais; a linguagem distingue as nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha falado”.
3 – Podemos interpretar e comunicarmos o mundo pela ótica do mito e do lógos. Como se dá essa diferente maneira do homem perceber e comunicar o mundo?
A palavra grega mythos, como já vimos, significa narrativa e, portanto, linguagem. Trata-se da palavra que narra à origem dos deuses, do mundo, dos homens, das técnicas (o fogo, a agricultura, a caça, a pesca, o artesanato, a guerra) e da vida do grupo social ou da comunidade. Os mitos são mais do que uma simples narrativa; é a maneira pela qual, através das palavras, os seres humanos organizam a realidade e a interpretam.
O mito tem o poder de fazer com que as coisas sejam tais como são ditas ou pronunciadas. O melhor exemplo dessa força criadora da palavra mítica encontra-se na abertura da Gênese, na Bíblia judaico-cristã, em que Deus cria o mundo do nada, apenas usando a linguagem: “E Deus disse: faça-se!”, e foi feito. Porque Ele disse, foi feito. A palavra divina é criadora.
Diferentemente do mythos, logos é uma síntese de três palavras ou ideias: fala/palavra, pensamento/ideia e realidade/ser. Logos é a palavra racional do conhecimento do real. É discurso (ou seja, argumento e prova), pensamento (ou seja, raciocínio e demonstração) e realidade (ou seja, os nexos e ligações universais e necessários entre os seres).
É a palavra-pensamento compartilhada: diálogo; é a palavra-pensamento verdadeira: lógica; é a palavra-pensamento de alguma coisa: o “logia” que colocamos no final de palavras como cosmologia, mitologia, teologia, etc. Do lado do logos desenvolve-se a linguagem como poder de conhecimento racional e as palavras, agora, são conceitos ou ideias, estando referidas ao pensamento, à razão e à verdade.
4 - Por que, segundo Rousseau a linguagem surgiu das paixões e não da razão?
Teria sido em encontros forçados, causados pelo acaso ou pela necessidade, que começaram a brotar os primeiros sentimentos de humanidade. Segundo Rousseau, foi... 
“sob velhos carvalhos, vencedores dos anos que uma juventude ardente aos poucos esqueceu sua ferocidade. Acostumaram-se pouco a pouco uns aos outros e, esforçando-se por fazer entender-se, aprenderam a se explicar. Aí se deram festas – os pés saltavam  de alegria, o gesto ardoroso não bastava e a voz o acompanhava com acentuações apaixonadas”(ROUSSEAU: 1969, p. 123), esse teria sido segundo Rousseau, o ‘verdadeiro berço dos povos’.
A voz, ou a linguagem falada nasce nesse contexto como recurso necessário à expressão dos sentimentos e intenções, surge como complemento para melhor exprimir as paixões e para tornar claras as finalidades, ou seja, é no sentido da transparência de melhor se mostrar e fazer entender que abrolha essa primeira linguagem, linguagem esta que ainda não se pode falar em uma língua convencionalmente estabelecida e articulada. Essa linguagem original pouco se diferencia do canto e da poesia, é mais uma melodia, eivada de sentimento e paixão do que propriamente uma língua articulada.
Em sua obra “Ensaio sobre a origem das línguas”, Rousseau argumenta que as paixões e não as necessidades humanas foram o motivo do desenvolvimento de nossa faculdade de linguagem. Ele associa o florescer da linguagem verbal a uma gama mais que rica de sensações humanas, principalmente quanto às relações sociais.
5 – qual a diferença entre linguagem simbólica e linguagem conceitual?
A linguagem simbólica realiza-se principalmente como imaginação. A linguagem conceitual procura evitar a analogia e a metáfora, esforçando-se para dar às palavras um sentido direto e não um sentido figurado. Isso não quer dizer que a linguagem conceitual seja puramente denotativa. Pelo contrário, nela a conotação é essencial, mas não possui uma natureza imaginativa ou imagética.(...).
 A linguagem simbólica é aquela que, levando em consideração as diversa formas de emitir uma mensagem utiliza todos os símbolos possíveis, imaginários ou não, para conseguir interagir com o outro.
6 – por que o signo e a ideologia tem uma relação de dependência?
Há entre ambas uma relação de dependência tal que nos levaria a crer que só é possível o estudo dos valores e ideias contidos nos discursos atentando para a natureza dos signos que o constroem.  As palavras, no contexto, perdem sua neutralidade e passam a indicar aquilo a que chamamos propriamente de ideologias. Numa síntese: o signo forma a consciência que por seu turno se expressa ideologicamente.
Para iluminar melhor essa relação existente entre signo e ideologia, analise o seguinte exemplo: Célia brigou com seu namorado. No dia seguinte enviou-lhe um buquê de rosas vermelhas. Implícito nesse ingênuo buquê de rosas contempla-se a simbologia do amor expresso pela cor das rosas, o vermelho, a intencionalidade de mostrar lhe o seu arrependimento e o seu pedido de desculpas e, principalmente, a intencionalidade de persuadi-lo a perdoá-la. O signo flores é muito rico em seu conteúdo significativo, capaz de veicular inúmeras ideologias e intencionalidades. Segundo Bakhtin, “Tudo que é ideológico é um signo. Sem signo não existe ideologia” (BAKHTIN, 1979. p.17).

  

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